domingo, 10 de outubro de 2010

A história de um João Ninguém

Foto: Rafael Barbosa
{imagem editada no Photoshop}

Matéria escrita pelo aluno do 4 período de Jornalismo da UFRN, Rafael Barbosa. Confesso que ainda não li todos os textos produzidos (você os encontra nesse link!), mas esse eu achei bem interessante. Vamos pensar em quantos "Joãos Niguém" perambulam por aí...

A história de um João Ninguém
Jovem que veio do interior sobrevive de restos pelas ruas da Cidade Alta
Por Rafael Barbosa

Eles voam em cima da lixeira como se fossem urubus. São famintos, sedentos e agressivos. Comem com voracidade. Não contam muita conversa, vivem sós e entre si. São revoltados e amargurados, mas é de se entender: têm as ruas e canteiros como moradia, são segregados, excluídos. E naquele momento estavam todos ali, embaixo do toldo do Café São Luiz, na avenida Afonso Pena, Cidade Alta.

Um deles chama atenção pelo semblante triste e olhar perdido. Parece ainda não estar acostumado com tanta miséria. Seu nome é João Alexandre Fernandes, 23 anos.

Ele mora na rua, desde que, há mais de um ano, saiu de casa, no município de São Fernando, interior do estado, porque não se dava bem com a mãe. João conta que morava com ela e que viviam com um dinheiro doado por seu avô.
[...]

Com a auto-estima baixa, humilhado e sem qualquer perspectiva de vida, entrou em depressão. Cansado de viver em uma casa que não lhe pertencia, com um dinheiro que não era seu, resolveu se virar pelo mundo afora. Atravessou os 299 quilômetros que separam sua cidadezinha, no Seridó, da capital, para fugir da vida que não agüentava mais. Hoje mora na rua.

João tem vergonha de dizer que mora na rua, vergonha de pedir dinheiro, “mas é melhor do que roubar, doutor”. Sua cama é de papelão e sacos plásticos, sua casa é todo o Centro. Perambula pelas vias do bairro e tem medo dos mesmos que o temem. “Assim que cheguei aqui eu ouvia história de gente que fazia maldade com mendigo e não conseguia dormir direito”.


Pede dinheiro para comer. Pede comida. “A gente fica esperando passar a hora do almoço pra pegar os restos nos restaurantes”.
[...]

“Vez ou outra eu fumo maconha sim, não vou mentir”. O morador de rua João Alexandre tem a droga como única diversão. Passa o dia pedindo dinheiro para garantir a comida e tenta se virar pelos lixeiros das lanchonetes, se alimentando das sobras descartadas. De lata em lata torce para encontrar um resto de comida. Está magro, definhando.
[...]

Já foi filho, tio, irmão. Já foi João Alexandre Fernandes, mas hoje é João ninguém. Seu maior sonho é comprar uma casa, constituir família e deixar as ruas. Mas como fazer isso se nem as pessoas que passam por ele na rua o notam? “Às vezes o povo passa pela gente e finge que nem vê”.

Para ver essa matéria completa acesse a página da Fotec, aqui.

Veja também a matéria escrita por mim: Casa de Passagem ajuda a mudar destino de crianças: equipe oferece educação e lazer a 32 meninos e meninas que passaram por situação de risco social.
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